segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

GOLES DE INTROSPECÇÃO
(Flávio Leite)

Uma palavra mal parida e suas vírgulas serão mal interpretadas.
O circo pegou fogo, o palco está vazio, não há platéia.
No aquário outrora repleto de peixes hoje não há mais nada!
Da praia olhei para o mar, mas lá não havia nem golfinhos nem baleias.

O coração que desenho na areia parece mais forte que o meu,
As ondas se arrebentam nas rochas assim como as lágrimas em meu rosto.
O céu está cinza, faz frio, a noite vem chegando,
Resolvo voltar para casa e namorar com alguns livros.

Há cartas de amor amarrotadas na gaveta do criado-mudo,
E uma catástrofe de lembranças nos porta-retratos.
Não há nenhuma alma para conversar. Para onde foi todo mundo?
Faço café, mas prefiro cerveja. Acendo um cigarro que se vai num trago.

As chinelas dormem de cabeça para baixo. Alguém morre?
Se a morte bater na porta de casa a convido
Para um bate-papo de segunda, se hoje não for domingo!
Olho para o ponteiro grande do relógio e ele corre, corre, corre...

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