sexta-feira, 13 de março de 2009

SOMOS TÃO LIVRES QUANTO...

SOMOS TÃO LIVRES QUANTO...
(Flávio Leite)

Passo tanto tempo em frente ao computador,
Pois fora da realidade me sinto com os pés no chão,
Procurando o que não tenho e que tanto desejo:
Um tanto de carinho e um pouco de atenção.

Somos tão livres quanto o peixe que se afoga,
Quanto o pássaro cantando sozinho na gaiola,
Quanto a água engarrafada na geladeira,
Quanto os guris jogando futebol sem bola.

Tenho vontade de sair e nunca mais voltar
Para o mundo feito de frases em pára-choque de caminhão.
Deus, por favor, se o senhor puder me escutar
Alivie essa dor bandida que se alastra em meu coração.

O que faço com tantas perguntas sem respostas,
Jogo-as no lixo ou as deixo vagar sem rumo, sem direção?
Pensar em tanta coisa ao mesmo tempo me dá dor de cabeça,
Faz com que mergulhe ainda mais em minha aflição.

Somos tão livres quanto o verme que nos devora,
Quanto àquele que diante do desespero implora,
Quanto o carro sem freio na ribanceira,
Quanto os mendigos da praça pedindo esmolas.

HOJE EU VOU FINGIR QUE SOU FELIZ!

HOJE EU VOU FINGIR QUE SOU FELIZ!
(Flávio Leite)

Mesmo que agora eu queira dormir,
O meu corpo quer voar, sair por aí
Pra qualquer lugar, sem pressa de chegar
E também sem data definida pra partir.

Venho tentando me livrar dos falsos amigos,
Mas tem sido impossível não viver de fingimento:
Eles fingem que me enganam, eu finjo que acredito
E, assim, a gente vai vivendo.

Nem que seja de mentira, nem que seja por um triz,
Hoje eu vou brincar de ser feliz!
Nem que os meus planos pra essa noite não dêem certo,
Hoje eu vou fingir que sou feliz!

Acendo um cigarro, lavo o rosto e tento sorrir,
Se há lágrimas em meus olhos eu as guardo
Para quando não houver ninguém aqui
Que finja comigo estar preocupado.

Nem que eu tenha que usar máscara e me vestir de atriz,
Hoje eu vou brincar de ser feliz!
Nem que os meus planos todos não dêem certo,
Hoje eu vou fingir que sou feliz!

NÃO É DIFÍCIL FAZER DE DAY UMA POESIA!

NÃO É DIFÍCIL FAZER DE DAY UMA POESIA!
(Flávio Leite)

Day dirige de pé descalço para não criar calo,
É noite de dança, toca Cazuza no rádio,
Ela gosta de tomar vodka comendo chocolate,
Quando perde o juízo ela se torna um sucesso.

Day tem insônia, toma caipirosca com açúcar mascavo,
Quando se sente só procura amigos no computador.
Quando o sono vem dorme com o celular ao seu lado
E sonha com Vinícius e seus versos de amor.

Day estudou Libras, Day é mulher feita de sinais,
Nas horas vagas relaxa praticando natação,
Lê Zibia Gasparetto quando está estressada;
Day é mulher bem resolvida, dona do seu coração!

Em sua mitologia, Day é deusa da dança do ventre,
Sonha alto, não vive sem perfume, adora vinho...
Admirar sua beleza é o mesmo que fazer acrobacia aérea
Em algum lugar eqüidistante entre Brasília e Búzios.

Day admira a lua e como as estrelas chama a atenção,
Sempre gostou de trocar a noite pelo dia,
Quando dirige traz sempre nos lábios alguma canção;
Não é difícil fazer de Day uma poesia!

PEÇAS DE SEDA AO PÉ DA CAMA

PEÇAS DE SEDA AO PÉ DA CAMA
(Flávio Leite)

Em seu cio quero achar o meu encanto,
E em seus seios chegar a outro mundo,
Na galáxia azul de um céu profundo,
E na imensidão de um amor que não tem preço.

Quero colo e encontrar no seu desejo
O suor do amor que, enfim, me assanha
E ao ouvir dos seus lábios que ama
Sentir toda a volúpia em que enlouqueço.

Em seus beijos provar de sua libido,
Em seu gosto viver a madrugada
Sob a luz de estrelas cintilantes
Pra te encher de prazer, mulher amada.

Ao chegar ao universo do seu ventre
Quero arder no pudor que se acanha.
Quando, enfim, se despir pro meu delírio
Deixe as peças de seda ao pé da cama!

O SOL POR ENTRE AS NUVENS

O SOL POR ENTRE AS NUVENS
(Flávio Leite)
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Eu sou cheio de erros e enganos e tão humano quanto você.
Sou um homem simples, tentando ser um homem melhor,
Um professor ainda aprendiz, um pássaro a caminho do sol,
Alguém à procura de beijos para se aquecer.
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Às vezes não tenho as melhores palavras, os melhores gestos,
Quando isso ocorre é porque perdi o controle de parte de mim.
Meu coração é assim meio teimoso, meio desobediente,
Por isso a constante troca entre o estado de felicidade e o estado mais infeliz.
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Geralmente tenho flores na boca e palavras nas mãos,
Mas há horas em que entrego minha voz ao silêncio e minh’alma à escuridão.
Sempre que eu estiver assim me abrace, pois preciso de afeto
Já que nem sempre consigo me levantar sozinho da solidão.
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Quando você vir as lágrimas em meus olhos estenda-me as mãos,
Cubra meu corpo com os seus sorrisos, cubra-me de cuidados,
Pois sou apenas um homem que nunca deixou de ser menino,
O mesmo menino que não se cansa de estar ao seu lado.

quinta-feira, 12 de março de 2009

SOU UM POETA QUE VOA COMO OS MAIORES PÁSSAROS

SOU UM POETA QUE VOA COMO OS MAIORES PÁSSAROS
(Flávio Leite)

Minha mente tem se tornado um lugar pequeno
Para a quantidade de coisas que meu coração tem pra escrever.
Sou um poeta que voa como os maiores pássaros
Percorrendo os oceanos que os homens comuns não podem ver.

Minhas palavras viajam como ondas de antenas de tevê,
Mas elas só alcançam quem não precisa de olhos pra enxergar,
Pois escrevo poesias que não são feitas apenas de letras;
Antes de me ler a pessoa precisa compreender o que é amar.

Nas entrelinhas dos meus versos há segredos e códigos
Que as almas ignorantes, os fracos de espírito não podem decifrar.
Eu sou como a tempestade que não se pode domesticar,
Sou, em cada rima, a batalha da consciência contra o ócio.

Sou um poeta que voa como os maiores pássaros que,
De asas abertas, vão procurando alguma estrela pra morar.
Pra fazer arte de nada preciso além de mim mesmo e da caneta,
Já que sou do tipo de poeta que se doa para se encontrar.

SEM MINHAS POESIAS ESTAREI MORTO

SEM MINHAS POESIAS ESTAREI MORTO

(Flávio Leite)

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Se eu perder meus sonhos, minha alegria

Como poderei escrever?

Se eu não for capaz de transformar a noite em dia

Que tipo de poeta eu poderei ser?

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Sou como um pássaro que não pode ser engaiolado,

Um animal selvagem que não se pode domesticar,

Um livro sagrado que só serve para quem tem fé,

Estrela que, sem amor, se torna incapaz de brilhar.

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O Flávio não pode, não consegue ser outra pessoa,

E ele conhece bem suas qualidades e limitações.

Esse menino escolheu ser poeta pra se esquecer que já é adulto

E que a vida nos tempos de hoje anda tão sem esperança.

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Quando as palavras, em mim, secarem,

Quando em meu coração já não houver palavras

Todos saberão que estarei morto, bem longe daqui,

Em algum lugar onde não exista a maldade humana.

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Se eu perder a dor que carrego em minhas lágrimas

Como poderei escrever?

E se eu não for capaz de transformar essa dor em alegria

Que tipo de poeta eu poderei ser?

AS RESPOSTAS QUE OBTENHO SÃO SEMPRE AS MESMAS

AS RESPOSTAS QUE OBTENHO SÃO SEMPRE AS MESMAS
(Flávio Leite)
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Poderia a loucura ser mais esperta do que a razão?
Eu já não me recordo quando aprendi a te amar:
Talvez tenha sido quando Deus criou os astros
Ou talvez quando a vida tenha acabado de começar.
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Os meus pulmões poderiam viver sem ar?
Tenho procurado por respostas,
Tentando desesperadamente encontrar a felicidade,
Mas sem sucesso algum dos meus sorrisos encontrar.
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Poderia minha aflição eu mesmo causar?
Raios do céu despencam e começa a escurecer,
Em meu peito ouço o meu coração trovejar
Antes mesmo de minha alma adormecer.
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Como eu poderia vencer antes mesmo de guerrear?
Quando aprendi a chorar ainda era uma criança
Correndo atrás de sonhos repletos de esperança,
Acreditando que qualquer poça d’água poderia ser o mar.
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Um peixe comum viveria sem água para nadar?
Já subi aos céus, eu já toquei estrelas.
Hoje, carrego em mim muitas perguntas,
Mas as respostas que obtenho são sempre as mesmas.

quarta-feira, 11 de março de 2009

ONDE OS ANJOS NÃO PODEM ALCANÇAR

ONDE OS ANJOS NÃO PODEM ALCANÇAR
(Flávio Leite)
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Eu faço versos como quem quer voar
E sorrio com lágrimas puras no olhar,
Porque sou poeta com poucas maldades
E homem simples tentando se encontrar.
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Papéis, em branco, é o que procuro em ti,
Um lugar onde meu amor possa assinar
A rubrica dos tantos desejos meus
Que se acendem assim que vêm você chegar.
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Como eu te amo você ainda não pode imaginar,
Porque ainda não me vê com a mesma intensidade
Que te vê o meu coração, batendo aqui sofrido,
E afogado em meio à tamanha saudade.
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O que eu não sei você poderia me ensinar,
Pois tenho coragem de assumir minhas fraquezas,
Já que sou professor com vontade de estudar,
Linha após linha, as fórmulas de sua beleza.
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Basta me amar para que eu me entregue
E em seus lábios morra para, em seguida, ressuscitar.
Basta me amar para que asas eu desenhe
E, assim, possa te levar onde os anjos não podem alcançar.

terça-feira, 10 de março de 2009

COMO SERIA?

COMO SERIA?
(Flávio Leite)
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Como seria um pássaro sem asas para voar,
O mar sem a lua para controlar suas marés,
A semente sem solo fértil para germinar,
E minha vida sem você para regular meu coração?
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Como seria o universo sem as estrelas no espaço,
Minha cama sem os lençóis para espantar seu frio,
Meus olhos sem a sua beleza refletida no espelho
Onde todas as minhas poesias se transformam em canções?
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Como seria um jardim de flores negras,
Um mundo de crianças sem bagunça,
A sede das pessoas em terra sem água,
E amar a quem nos ama sem sentir paixão?
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Como seria viver em pleno pecado
Se, de alguma forma, não houvesse salvação?
Como seria morrer antes mesmo de ter vivido a vida?
Como seria a loucura se até os loucos tivessem razão?
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Como seria?
DE BRAÇOS ABERTOS E COM FLORES NAS MÃOS
(Flávio Leite)
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Por hoje eu nada mais saberia
Além de agradecer por esse instante
Em que os lírios que carrego em meu peito
Brotaram para perfumar meu coração.
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Acho que não saberia viver sem a sua companhia
Que me conforta e que eu respiro em preces.
Hoje, minhas palavras que transformo em arte,
Nada mais são que agradecimentos em forma de canção.
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Sem você por perto os meus dias já não teriam
Toda essa intensa alegria que se resume em sorrisos.
Sem o sol de seu afeto eu seria um anjo sobre o leito frio
Ou quem sabe mais um verso perdido na escuridão.
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Ter você por perto aquece a minha alma,
Refresca todas as minhas prováveis angústias,
Apresenta a meu espírito o que posso chamar de calma
Ou de bonança que se forma depois de toda solidão.
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Eu te amo com a leveza dos pássaros,
Com toda a intensidade dos ventos alísios,
Repleto de magia e de simplicidade,
De braços abertos e com flores nas mãos.

COMO UMA FORÇA

COMO UMA FORÇA
(Flávio Leite)

Morrer não posso antes de viver em seu mundo,
Viver já não posso sem o seu corpo para eu respirar.
Eu seria incapaz de pedir-te a Deus se, em troca,
Não tivesse um coração repleto de amor para doar.

Como poderia nadar acorrentado sem me afogar?
Assim se faz o meu naufrágio longe dos seus lábios.
Como seria a noite se as estrelas não tivessem brilho?
É exatamente assim que, sem você, tenho me sentido.

Como uma força, sinto que morro sem a sua companhia;
Como uma força, sem você, eu me vejo em um abismo;
Como uma força, sem você, eu me torno apreensivo;
Como uma força, sem você, enferrujam-se os meus sorrisos.

Eu não saberia viver sem os seus carinhos,
Pois são eles que têm alimentado o meu afeto.
Para dizer como te amo, certamente, eu seria impreciso,
Mas basta me olhar para entender como preciso de você por perto.

A LEVEZA DE UM AMOR

A LEVEZA DE UM AMOR
(Flávio Leite)

Assim como não posso viver sem ar
Eu também já não vivo sem os seus beijos
Para acalmarem esses meus doces lábios,
Que agora andam tão ardentes de desejo.

Eu cantaria se voz de pássaro eu tivesse,
Mas como cantar eu ainda não aprendi
Eu escrevo para que você saiba que o peso de te amar
É tão leve quanto à felicidade que me faz sorrir

Toda vez que te vejo dormindo em meus braços,
Toda vez que a tenho tão perto assim
Deitada ao meu lado, na mesma cama
Onde a imensidão do espaço termina em mim.

Assim como não posso viver sem ar
Eu também já não vivo sem você por perto.
Assim como não posso viver sem ar,
Já não vivo sem você pra impulsionar meu coração.

VINTE E UM DE SETEMBRO

VINTE E UM DE SETEMBRO
(Flávio Leite)

O sangue virginiano em mim, repleto de hormônios,
É a incerteza que tenho de que eu seja normal.
Sou tão intenso, tanto no amor quanto na dor,
Que raramente encontro um meio termo como um ponto final.

Minha fé de trinta e três anos atrás anda meio perdida,
Bebendo café demais, vivendo de exageros...
Vinte e um de setembro, a primavera se esvazia
E outra vez me encontro por aí, dormindo com meus medos.

Os botequins sempre lotados me recebem de portas abertas,
Mas querem o meu dinheiro e não minha companhia.
Eu demonstro felicidade quando estou com os bêbados,
Pois me encarrego de disfarçar meu coração em agonia.

Nada mais prático do que os meus disfarces do dia-a-dia,
Assim fica mais fácil de lhe dar com as pessoas falsas que convivo!
No final acaba tudo bem, dá tudo certo
E é bem simples: eles fingem me enganar e eu finjo que acredito.

O MESMO QUE ADMIRAR UM CÉU SEM PASSAROS

O MESMO QUE ADMIRAR UM CÉU SEM PASSAROS
(Flávio Leite)

Como é possível amar sem se entregar?
Será possível te querer sem desejar?
Já perdi noites e noites por você
Contando e recolhendo estrelas no mar.

Como pudera falar tanto sem nada dizer
Esses seus olhos tão perfeitos quanto à água,
Capazes de lavar as tristezas de minha alma
E deixando sossegado esse meu coração?

Cai do meu rosto o que, aos poucos,
Transforma o que, outrora, foi frieza
Em um universo de emoções
Que só quem amou como louco pôde viver.

Como seria meu mundo sem seus lábios,
Se em ti me resta o que um dia foi razão?
Seria o mesmo que dormir em uma cama sem colchão,
O mesmo que admirar um céu sem pássaros.

Sem ti sou planta que vive sem terra,
Sou flor se alimentando de poeira,
Poeta morrendo afogado em seus versos,
Homem entregue à sua própria aflição.

EU BEM TE QUERO

EU BEM TE QUERO
(Flávio Leite)

Eu bem te quero pra aguçar meu paladar
Nessa noite fria em que os nossos corpos,
Livres de qualquer mal,
Em beijos alucinados resolvem se encontrar.

Eu bem te quero onde eu possa te abraçar,
Debaixo de um céu de onde caem estrelas,
Livres de todo mal,
Prontos pra descobrir o que, de fato, seja amar.

Eu bem te quero não apenas por uma vida,
Mas por toda uma vida inteira.
Eu bem te quero por todos os séculos
Em que as nossas vidas possam durar.

Eu bem te quero, puro de alma e de coração,
Nessa noite fria onde a lua se entrega ao mar,
Livre de qualquer maldade,
Assim como a palavra se entrega à canção.

Eu bem te quero como o assobiar dos pássaros,
Como a planta ainda frágil rompendo o chão,
Livre de toda a maldade,
E tão simples quanto o próprio ato da criação.

DE MIM PRA VOCÊ

DE MIM PRA VOCÊ
(Flávio Leite)

Há um amor enorme em mim
Que agora mesmo eu dou pra você,
Algo que não posso definir
Tampouco já não sei descrever.

Perdi as rédeas do meu querer
Agora ouço o meu coração
Que em mim bate pra te oferecer
O que deixou de ser ilusão.

De mim pra você
De nós dois fiz uma oração
Pra viver, ser feliz,
Tocar o céu e achar salvação!

Palavras nem sei quais te dizer
Se hoje sou menor que a emoção
Que sinto quando toco você;
Sonhando já perdi minha razão.

Mesmo dormindo posso te ver,
O meu amor está em suas mãos
Me ame e faça assim merecer
O amor que, outrora, já foi paixão.

De mim pra você
De nós dois eu fiz canção
Pra viver, ser feliz,
Tocar o céu e achar salvação!

QUE BALANCE O BERÇO QUEM PARIU MATEUS!

QUE BALANCE O BERÇO QUEM PARIU MATEUS!
(Flávio Leite)

Já está ficando chato esse papo todo
Que não convenceu
Você invade e mata, come e faz churrasco
Do boi que não é seu!

Fui lá em Brasília para reclamar,
Mas ninguém me atendeu,
Tudo o que obtive em nota oficial,
Alguém assim escreveu:

- Sai pra lá maluco, vê se te orienta
Que esse filho é seu!
Minha mãe já dizia:- Que balance o berço
Quem pariu Mateus!

Fuma e bebe cachaça com a graninha
Que o Governo lhe deu
Com o cartão esmola agora não trabalha,
O safado está no céu!

Matou e fez arruaça, xingou, dormiu na praça
Mas ninguém lhe prendeu,
Que trabalhador é esse que não respeita as leis
E sente quase um deus?

E o barbudão:

- Sai pra lá maluco, vê se te orienta
Que esse filho é seu!
Minha mãe já dizia:- Que balance o berço
Quem pariu Mateus!

Minha mãe já dizia:- Que balance o berço
Quem pariu Mateus!

segunda-feira, 9 de março de 2009

AS PUTAS VELHAS DO BRASIL

AS PUTAS VELHAS DO BRASIL

(Flávio Leite)

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A maldade humana pode ser posta à prova

Quando se abandona as crianças do seu povo,

Entregues a qualquer destino

Que ao invés de flores é formado por lodo.

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Construíram a bomba atômica pra destruir os inimigos,

Enquanto a guerra se faz aqui embaixo,

Diante dos nossos olhos,

Na figura do irmão que morre esfomeado.

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Na lama podre onde dormem os afortunados

Que agora roncam de bucho cheio

Há sempre alguém na mira do revólver

Esperando a vez de ser assaltado.

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Brilhante a idéia de transformar o paraíso

Em um transatlântico que bóia desgovernado.

O problema é que os coronéis ainda não sabem

Que o capitão da nau também foi assassinado.

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As putas velhas do Brasil ainda de salto alto

Acompanham nos palácios os ladrões,

Os mesmos que tragam miséria e baforam corrupção

Na cara de quem vive como bom assalariado.

"FESSOR" FLÁVIO LEITE POETA

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TRANSFORMAR MEUS SONHOS EM UMA SÓ MULHER

TRANSFORMAR MEUS SONHOS EM UMA SÓ MULHER
(Flávio Leite)

Se asas eu tivesse até você voaria,
Mas como sou apenas homem te amo daqui,
Pois o meu coração é simples o suficiente para entender
Que não posso alcançar tudo o que posso pedir.

Os meus passos não são tão largos,
Mas meu coração me permite amar sem limites,
Tão simples e tão sincero quanto uma criança a sorrir
E tão intenso quanto às estrelas a brilhar no espaço.

Quem me dera ser um pássaro e ver lá do céu
O sorriso mais doce que em ti pode existir.
Tenho certeza de que me sentiria como um anjo
Que, em forma homem, se tornou um pouco mais feliz.

Apesar dos pesares eu sou um ser livre,
Disposto a transformar os meus rios em marés,
Pronto para amar de uma forma inesquecível,
Louco para transformar meus sonhos em uma só mulher.

domingo, 8 de março de 2009

MULHER

MULHER
(Flávio Leite)

De seu ventre soprou a minha vida
No momento em que qualquer instante
Nunca foi um instante qualquer.

Tu és o maior dos milagres de Deus,
Já que a criação se fez em ti, somente em ti,
Ser que chamamos de mulher!

Dizem que o pecado nasceu de sua fraqueza,
Mas se assim foi, por que somente tu tens o dom da gravidez?
Nem os mais puros homens são capazes de tamanha proeza.

O prazer residente em seu seio é mesmo que amamenta;
O fogo que carrega entre as pernas é o mesmo que traz luz ao mundo;
A loucura em sua mente é mesma que orienta.

Ao lado do Pai, tu estarás sempre à direita!
Porque tu estrela, que se fez mulher,
És a única que, mesmo na imperfeição, consegue perfeita!

TENHO, EM MIM, DOIS CORAÇÕES

TENHO, EM MIM, DOIS CORAÇÕES
(Flávio Leite)

Quando a noite nasce
O meu coração, sem direção, se desfaz
Então entro em meu quarto e, em oração,
Deixo minha alma desabafar.

Tenho livros e tenho irmãos
Para quando a solidão me sufocar.
Tenho, em mim, dois corações:
Um que me faz cair e outro que me faz levantar.

Meu espírito gosta de me levar
Em lugares que meus olhos verdes não podem enxergar,
Nessas horas, somente em prece, fujo das trevas
E faço do silêncio casa pra eu morar.

Ainda tenho pais e tenho irmãos
Para quando a dor me devorar.
Tenho, em mim, dois corações:
Um para sorrir depois de o outro chorar.

Quando, enfim, o dia surge
Não há mais estrelas pra contar,
Entrego-me então a esses meus dois corações:
Um na solidão e outro livre para amar.

8 DE MARÇO

8 DE MARÇO
(Flávio Leite)

Eu não saberia dizer com grande precisão
A sua total importância perante a vida,
Até porque você está em todos os lugares,
Em todas as direções, aonde ainda existe poesia.

Graças a ti, hoje há ar correndo em meus pulmões,
Sangue oxigenado correndo em minhas veias...
Graças a ti, que se fez mãe, tenho um coração apaixonado
Que bate sempre alto e aceleradamente.

Do seu ventre, que Deus criou como um livro sagrado,
A vida se forma para povoar o mundo;
Dos seus seios, criados para serem eternamente imaculados,
A luz se forma para iluminar os passos de quem nasce tão pequeno.

Que o 8 de março seja comemorativo mulher,
Mas jamais seja, dos dias do calendário, o único,
Pois todos os dias da humanidade existem em função de ti,
Que nasceste para redimir os homens de todos os pecados.

Dentre as flores, tu és a mais bela;
Dentre as almas, tu tens a mais pura;
Dentre os fracos, tu és a guerreira;
Dentre os anos, tu és todos os séculos.

sábado, 7 de março de 2009

ANJO PERDIDO

ANJO PERDIDO
(Flávio Leite)

Da minha boca saem tantas coisas
Palavras frias que não têm sentido,
Antigamente tu me iluminavas
Agora me sinto um anjo perdido.

Não sei se agora o que eu sinto é raiva,
Talvez seja somente um amor bandido
Não sei se tudo é tristeza ou mágoa
Ou se apenas mais um amor interrompido.

Vontade eu tenho de fugir de casa
De encontrar qualquer ombro amigo,
Talvez ficar assim sem fazer nada
Nessa tristonha noite de domingo.

Quem não amou também viveu nada,
Mas não queria a solidão comigo,
Me sinto um anjo com asas quebradas
Não sou feliz mais como fui contigo.

O meu sorriso anda tão sem graça,
Essa tristeza é como um castigo,
Eu sei que essa dor um dia passa,
Mas até lá vai restar o vazio.


Da minha boca saem tantas coisas
Palavras certas, outras sem motivo,
Antigamente tu me iluminavas
Agora sou mais um anjo caído.

ANA E SEUS LIVROS DEBAIXO DOS BRAÇOS

ANA E SEUS LIVROS DEBAIXO DOS BRAÇOS
(Flávio Leite)

Os seus olhos urbanos seguem a boca entreaberta
Em alguma direção em que ordena o seu coração.
O céu nublado, o computador empoeirado,
Nem os prédios e o trânsito te chamam mais a atenção.

Fuma pra passar o tempo, escreve algumas frases sem direção,
Procura por algum amor perdido na geladeira,
Mas acaba se vendo sozinha acendendo o fogão
E assando paixões que nunca passaram de brincadeira.

Sonha com um príncipe que não seja encantado,
Deseja apenas um homem que possa estar ao seu lado
E te fazer mulher, te fazer sorrir, te fazer gozar, ser alguém especial...
Ana se cansa de suas terapias, cansou desse amor abstrato.

Bebe pra se distrair, sorri para não chorar, dorme...
Ana e seus livros debaixo dos braços
Só chora quando de si mesma se esconde;
Vive pra não morrer de tédio, solidão e cansaço.

ANA

ANA
(Flávio Leite)

Ana é simpática, sonhadora e burra. Burra?
Ora, claro, pois os burros não voam!
Burros não sabem negar nada a ninguém:
São mamíferos fadados ao “tudo outra vez”;
São bichos tolos feitos de carne,
À procura do coração de outrem.

O sol que nasce é o mesmo que não se repete,
Mas Ana vê tudo amarelo:
Raios que não aquecem o seu peito.
O vento a beija, todavia Ana não o sente também,
Pois ela anda muito preocupada com o amor ausente,
Com aquele que, em vão, ela chamaria de “Meu Bem”!

Ela insiste na mesmice: faz café, bebe cerveja...
Erro de quem pouco se esforça na peleja.
A vida segue passando, passando,
Mas Ana se tranca em seu quarto,
Ela e todos os seus velhos travesseiros;
Muitos enfeitados e muitos sem qualquer enfeite.

Na estante os mesmos livros, os mesmos retratos...
Ana não se sente bem com tanto descaso.
Vive escondida, por lhe parecer seguro.
E chora baixinho, acuada, sem forças...
Dorme embrulhada, com medo do escuro.
Tudo para manter de pé o seu próprio mundo.

Engraçado, quem sou eu? Quem é Ana?
Talvez um segredo comum ou lágrima embaixo da cama.
Na tevê não passa nada e Ana se estressa, fica magoada.
Eu observo com pena a pequena menina de setembro,
Mas nada posso fazer, já que só o amor poderia curá-la.
Ana sou eu ou ela mesma?

AMOR SEM DIVISÃO

AMOR SEM DIVISÃO
(Flávio Leite)

Não fique triste comigo não,
De olhos fechados
Segure em minhas mãos
E vamos sorrir, dançar, voar...

Não se irrite comigo não
Se o amor existe
Deixa de ser competição;
Vamos sair pra ver o mar!

Não tenha ciúme do meu coração,
Pois nele tu vives
Em um amor sem divisão;
Te tenho carinhos mil pra dar!

Não se chateei comigo não
Se eu chego tarde ou se sou meio sem noção
O importante é ser feliz
E pra sempre se amar!
AMOR NOCIVO
(Flávio Leite)

Tive medo de olhar pra trás
E me reencontrar em seu amor bandido.
Procurei por essa por essa paz
Pelo fato de querer estar vivo.

Um adeus, um tanto faz
Pude ler em seu breve sorriso.
Em seu coração de alcatraz
Quem foi homem quase virou bicho.

Eu gostei de você demais,
Mas você não se importou com isso.
Você disse: - Não dá mais!
Transformou amor em desperdício.

Tive medo de olhar pra trás
E me reencontrar em seu amor nocivo.
Procurei por essa por essa paz
Na intenção de permanecer vivo.
AMOR NÃO DÁ PRA DISFARÇAR!
(Flávio Leite)

Até que temos contratempos
E algumas brigas...
Pra quê perder as esperanças
Se temos hora e lugar?

Ainda temos contratempos,
Mas temos sempre um lugar,
Talvez dezenas de feridas,
Mas um cantinho pra se amar!

Amar e sentir paz!
Fazer do sempre um nunca mais!

Se pensarmos um no outro,
Feridas tristes vão cessar,
Porque somos crianças
Ainda aprendendo o que é amar!

Amar é sempre perdoar,
Amor não serve pra cobrar!

Um quarto, uma farra, um qualquer lugar...
Uma sinuca ou a mesa, um bar pra relaxar...
A vida é curta e pede pressa
Pra alguém que vai chegar...

Quem ama sempre quer chegar;
Amor não dá pra disfarçar!

Amor é hora e lugar...
Quem não quer esperar!
AMOR EM TELA
(Flávio Leite)

Façamos dessa noite um sonho
E, então, que seja um segredo
As telas que pintamos juntos,
Os risos que demos sem medo.

Que seja, enfim, o amor a arte,
A flor nascida do meu peito,
O seu retrato em toda parte,
Dois corações e um só anseio.

Nossa distância um só detalhe,
Rascunhos desses devaneios,
Pintamos o que é de praxe
E restou-nos o que é verdadeiro.

Agora ao sair de casa
Te levo como passageiro
Em meu afeto tinta à água
Pra colorir o mundo inteiro.

Monet pra resgatar sua alma,
Tarsila pra roubar seu cheiro,
Florbela pra voltar no espaço,
Clarice é o choro no banheiro.
AMOR EM POESIA

Não preciso de olhos para te enxergar,
Nem preciso de pele para te sentir,
Não preciso de pernas para te encontrar,
Nem tampouco de máscaras para, então, fingir.

Não preciso de verdades se quiser mentir,
Não preciso de língua pra te degustar,
Não preciso de sonhos se quiser fugir,
Nem de dois corações para te amar.

Não preciso de dedos para te tocar,
Nem tampouco de escadas se quiser subir.
Não preciso de lágrimas se quiser chorar,
Muito menos de risos se quiser sorrir.

Não preciso ter medo para, enfim, temer,
Nem tão pouco de bílis para amargar.
Não preciso de amarras para escravo ser,
Nem preciso de notas se quiser cantar.

Não preciso ser lua pra te iluminar,
Nem preciso ser fogo para te aquecer.
Não preciso de espelhos para refletir
A beleza que noto vinda de você.

Não é preciso perdão para te perdoar,
Mas é preciso coragem para reconhecer
Que não preciso ser mágoa pra te magoar,
Nem preciso ser dor pra te fazer sofrer.

Não preciso do tempo pra envelhecer,
Não preciso de hormônios pra poder crescer,
Não preciso de braços para te abraçar,
Nem tampouco de lábios pra beijar você.

Não preciso do sol para clorofilar,
Não preciso ser triste pra me entristecer,
Não preciso bater pra ter que apanhar,
Nem preciso ter sede pra depois beber.

Não preciso de asas pra poder voar,
Não preciso ter fome pra poder comer,
Não preciso de vinho pra me embriagar,
Nem preciso vencer para no fim perder.

Não preciso brotar pra ter que florescer,
Nem tampouco de sexo só pra distrair.
Não preciso lembrar pra não ter que esquecer
Que eternizei seu jeito doce em mim.


Não preciso ser náufrago para naufragar,
Nem preciso de espinhos para flor eu ser.
Não preciso de estrelas para navegar,
Nem de cama pronta pra te enlouquecer.

Não preciso do mar para me afogar,
Nem de uma tragédia para o chão perder,
Basta a sua falta pra me desesperar;
Sou peixe fora d’água longe de você.
AMOR DE VERDADE
(Flávio Leite)

Amor de verdade não se esgota, não se acaba
Percorre o mundo, até dá voltas,
Mas permanece nos gestos, nas palavras;
Vive no coração de quem se importa.

Amor de verdade dura pra sempre
Mesmo que o pra sempre dure pouco pra uma vida curta.
Amor de verdade se eterniza
Como todas as estrelas que brilham na noite escura.

Amor de verdade não finda na morte,
Não seca com a falta de chuva,
Não enfraquece diante da inveja alheia,
Não se perde em qualquer rua.

Amor de verdade se faz em poesia,
Amor de verdade se cria a toda e qualquer hora,
Amor de verdade não tem ponto e nem vírgula;
Amor de verdade não mata e não sufoca.

Amor de verdade se enxerga de olhos fechados,
Se sente com um simples toque,
Floresce e dá frutos com o passar do tempo,
Amor de verdade sempre se renova.
AMOR DE CARNAVAL
(Flávio Leite)

Sábado após o carnaval
Desaparecem os sinais de embriaguês,
O coração voltando ao normal
Bate quieto com tamanha lucidez.

Quem somos quando chega o final
Do ato que acontece em somente um mês?
Talvez apenas sonho teatral
Amantes sem o amor, de fato, merecer.

Há pássaros perdidos no quintal
Apaga-se a luz e deixa escurecer,
Há fantasias velhas sobre o sal
Que as ondas de algum mar resolveram trazer.

Nenhum dos beijos foi acidental,
Foram apenas beijos sem se conhecer,
Por alguns momentos foram casal,
Agora sabem que não vão mais se rever.

A ala já não é sentimental,
Não há nenhum desfile para ocorrer,
O choro se tornou instrumental,
O amor de carnaval deixou de, então, viver.
AMOR DE CARNAVAL
(Flávio Leite)

Sábado após o carnaval
Desaparecem os sinais de embriaguês,
O coração voltando ao normal
Bate quieto com tamanha lucidez.

Quem somos quando chega o final
Do ato que acontece em somente um mês?
Talvez apenas sonho teatral
Amantes sem o amor, de fato, merecer.

Há pássaros perdidos no quintal
Apaga-se a luz e deixa escurecer,
Há fantasias velhas sobre o sal
Que as ondas de algum mar resolveram trazer.

Nenhum dos beijos foi acidental,
Foram apenas beijos sem se conhecer,
Por alguns momentos foram casal,
Agora sabem que não vão mais se rever.

A ala já não é sentimental,
Não há nenhum desfile para ocorrer,
O choro se tornou instrumental,
O amor de carnaval deixou de, então, viver.
AMEI PRA VIVER MAIS FELIZ
(Flávio Leite)

Com muito esforço vivi
Pra logo cedo perder,
O que não posso explicar
E o que jamais encontrei.

Por muito tempo vivi
À procura da flor,
Contando estrelas no céu
E a espera do amor!

Eu poderia chegar
Às nuvens brancas do céu,
Mas nunca soube alcançar
O que escrevi num papel.

Queria o amor pra durar,
Pra quando eu fosse compor
O som que pudesse encantar
Os beijos do meu beija-flor

Foi quando a porta se abriu
Deixando a lua entrar
No quarto em que sempre chorou
Quem tanto esperava chegar

A rosa, enfim, se abriu
Com as ondas perdidas do mar,
Espumas de bálsamo e mel,
Perfume de sol pra brilhar!

Então alegre eu fiquei,
Os versos mais lindos eu fiz
E com esmeraldas no olhar
Amei pra viver mais feliz.
AME-ME LOUCAMENTE
(Flávio Leite)

Ame-me e só me machuque com carinho
E então faça de mim a pérola em seu ventre,
O prazer de seus suspiros, a estrela no céu de sua boca,
A eternidade em cada um dos seus instantes.

Ame-me nesta e em qualquer outra hora,
Pois em cada um dos seus segundos estarei vivendo.
Faça dos seus delírios, dos seus gozos a nossa cama;
Ame-me com a mesma força que se movem os ventos.

Tenha-me e faça do meu corpo o seu espírito,
Assim como farei dos meus sussurros os seus gemidos.
Ame-me e só me machuque com carinho
Porque amando em seus braços me sinto em meu ninho.

Deixe-me entrar macio em seu corpo nessa hora de vício
E sinta o prazer da carne se misturar ao da alma.
Faça de mim parte de seus membros, de seus órgãos,
Ame-me loucamente, pois, nesse momento, não precisamos de calma.
AME-ME LOUCAMENTE
(Flávio Leite)

Ame-me e só me machuque com carinho
E então faça de mim a pérola em seu ventre,
O prazer de seus suspiros, a estrela no céu de sua boca,
A eternidade em cada um dos seus instantes.

Ame-me nesta e em qualquer outra hora,
Pois em cada um dos seus segundos estarei vivendo.
Faça dos seus delírios, dos seus gozos a nossa cama;
Ame-me com a mesma força que se movem os ventos.

Tenha-me e faça do meu corpo o seu espírito,
Assim como farei dos meus sussurros os seus gemidos.
Ame-me e só me machuque com carinho
Porque amando em seus braços me sinto em meu ninho.

Deixe-me entrar macio em seu corpo nessa hora de vício
E sinta o prazer da carne se misturar ao da alma.
Faça de mim parte de seus membros, de seus órgãos,
Ame-me loucamente, pois, nesse momento, não precisamos de calma.
AMAR-TE-EI A TODA HORA
(Flávio Leite)

Desejo esse amor pra sempre,
Que dure não apenas horas
E que faça-me sentir mais vivo
Capaz de enfrentar o mundo lá fora.

Que me aceite com todos meus erros,
Que me ajude com os meus enganos,
Que me sirva de gozo e abrigo,
E que me tenha em todos os seus planos.

Meu coração é um livro de palpites,
Talvez país que se perdeu na história,
Um órgão meu que vive sem limites
Que do futuro fez o meu agora!

Se tu me queres esse é o meu convite,
Pegue minha mão e vem comigo; corra!
Faça de mim o lugar onde vive
Pode pensar, mas vê se não demora!

Do seu amor eu farei o meu vício,
Em nosso amor seremos fauna e flora,
Eu te amarei na empolgação do início
Como amar-te-ei a toda hora!
AMANHÃ, QUEM SABE, VOCÊ PERTO DE MIM!
(Flávio Leite)

Tenho amor demais pra viver triste assim,
Quase não sonho mais, já me cansei de rir.
Tudo tem seu tempo e sua hora, enfim,
Amanhã, quem sabe, você perto de mim!

Buscamos pela paz, flores de alecrim,
Já não se sabe mais se é só início ou fim.
Amanhã, quem sabe, você perto de mim
Hoje restou apenas a solidão aqui!

Pro mundo tanto faz, se vou chorar ou rir,
Pra mim não serve mais correr e depois cair.
Amanhã, quem sabe, você perto de mim;
A lua lá no céu me chama pra sair!

Queria muito mais que as rosas no jardim,
Um girassol amais, um ramo de jasmim.
Amanhã, quem sabe, você perto de mim;
Pra sempre, quem sabe, um dia sem fim!
ACHO QUE VAI CHOVER
(Flávio Leite)

Acho que vai chover,
Mesmo sem nenhuma nuvem no céu;
Choverá amor, eu sei,
Basta eu me aproximar e beijar você.

Choverá, eu sei,
Exatamente enquanto voamos
Sobre a imensidão azul do infinito
Trocando afeto com nossos lábios.

E que seja a chuva mais linda,
Capaz de trazer vida ao solo mais seco,
Brisa as montanhas mais inférteis,
E paz ao meu coração tão cheio de dengo.

Que cada gota de chuva seja um abraço seu,
Milhares de beijos meus,
Gozos atrás de gozos,
Flores de um amor que floresceu.

Acho que vai chover,
Mesmo sem nuvens no céu;
Choverá meu amor, eu sei,
Chuva que me fará brotar em você.
ACHAR PERFEIÇÃO NA IMPERFEIÇÃO!
(Flávio Leite)

Medo é algo que faz parte da vida, é o jeito que encontramos de nos defender do que nos assusta. Sou apenas o vento que leva o grão de areia; não sou a onda que derruba e nem a tempestade que devasta. Sou apenas a poesia que visita a sua cama e vela o seu sono.
Não arrombo, peço licença. Senão alegria que não seja tristeza. Sou o poeta e você a poesia. O resto é rima, talvez, prosa.
Sem peso, sem obrigação! Perder o sono por você foi um presente. Perderia um milhão de noites. O sono a gente recompõe a vida não!
Posso até estar errado, mas é por isso que vivo intensamente, sinto intensamente. Os erros fazem parte; as decepções fazem parte; as tristezas fazem parte; e os riscos também.
Posso disfarçar minha tristeza com sorrisos, mas não os meus sorrisos com tristezas. Por isso decidi me assumir.
As correntes me levam a você. Se iremos navegar no mesmo mar... Vai depender do vento que você soprar!
Esse amor é o que posso te dar. Acertando ou errando.
Se vai valer à pena? Pra mim já valeu. Errando ou acertando.
Que o amor seja feito de luas e de dois sóis em um só universo!
Quero fazer amor e alcançar o céu. Amar e encontrar a Deus. Achar perfeição na imperfeição!
ABSTRATO
(Flávio Leite)

As luzes da cidade
Não têm mais colorido
São versos de ressaca
Um tanto umedecidos.

Nas ruas onde vago,
Meu cérebro esquecido,
Pensou que fosse morte
Viver sem ter vivido.

Meu corpo sente a falta,
Da água que bebia.
Minh’alma paga o preço
Do sangue que escorria.

À tarde o sol se põe
Em busca de outro dia,
Enquanto homens fracos
Se afogam em poesia.

Pensei que fosse certo
Viver com alegria,
Mas hoje o meu sorriso
Dilui-se em saliva.

Na lua outro gesto
De mera covardia
Reflete uma tristeza
Que agora é só minha.

Sou ser do abstrato
Alguém sem companhia;
Sou flor, sou céu, sou nuvem
Alguém sem valentia.

Mas antes que se acabe
O que não teve início
Escrevo pelos ares
Em vão o meu sacrifício.
ABRA A PORTA E ME DEIXE ENTRAR
(Flávio Leite)

Tenho muitas flores pra te ofertar,
Escolha entre orquídeas ou talvez jasmins.
Poesias tenho muitas pra te dar,
Basta você querer e se aproximar de mim.

Por pouco me perdi em seu olhar,
Nas fotos onde pude ver você sorrir.
Não sei, sequer, se já posso sonhar,
Mas não importa se eu já te sinto bem aqui.

Um mundo inteiro eu posso te dar
Em versos e palavras que eu criei pra ti.
Abra a porta e então me deixe entrar,
Pra que seu coração eu possa invadir!

O beijo que ainda não pude te dar
É o mesmo que darei antes de ir dormir.
Farei do seu deserto nosso mar,
Basta também que você me deseje assim.
ABRA A PORTA E ME DEIXE ENTRAR
(Flávio Leite)

Tenho muitas flores pra te ofertar,
Escolha entre orquídeas ou talvez jasmins.
Poesias tenho muitas pra te dar,
Basta você querer e se aproximar de mim.

Por pouco me perdi em seu olhar,
Nas fotos onde pude ver você sorrir.
Não sei, sequer, se já posso sonhar,
Mas não importa se eu já te sinto bem aqui.

Um mundo inteiro eu posso te dar
Em versos e palavras que eu criei pra ti.
Abra a porta e então me deixe entrar,
Pra que seu coração eu possa invadir!

O beijo que ainda não pude te dar
É o mesmo que darei antes de ir dormir.
Farei do seu deserto nosso mar,
Basta também que você me deseje assim.
A SOLIDÃO
(Flávio Leite)

A solidão é o juiz e o julgamento,
É a foice que decepa rápido,
A morte em forma de comprimidos,
O riso do demônio em seu quarto.

É o câncer que se espalha,
O artista morto-vivo,
A chama que se apaga,
É o pior dos vampiros.

A solidão é a dança macabra,
É o corpo caído,
É também a lágrima de sangue
Em um cálice de vinho.

A solidão é a vergonha e o descaso
É a conversa mal resolvida,
O rosto completamente desfigurado,
É a morte alegre e sadia.

A solidão é o corte da faca,
É a carne apodrecida,
É a alma a queimar no inferno,
É a besta parida.
A RAZÃO E A LOUCURA
(Flávio Leite)

Entre fotos e raios,
Gritos e furacões,
Surge sangue nos olhos,
Sonhos e corações.

Esse nosso destino
Preso pela corrente,
Um pequeno universo,
Nas garras de uma serpente.

Entre o ódio e o delírio
Dorme nossa paixão,
Entre o gozo a loucura,
Entre o céu e o chão,

Sou a doce aventura,
Sou a flor e a semente,
Sou a dor e a ternura
Disfarçados de gente.

Entre o pão e o sexo,
O divã e o colchão,
Entre os seios e as pernas,
O descanso e o tesão

E se assim de repente
Entre a noite e o escuro
Meus lábios delinqüentes
Te pregarem um susto?

Sou a doce aventura,
Sou a flor e a semente,
A razão e a loucura
Disfarçados de gente.
A PRINCESA E O PLEBEU
(Flávio Leite)

Encontrei em seu olhar
Um cometa no céu
Um porto firme pra embarcar,
Talvez, pra alguma ilha de mel.

Onde possamos nos amar
Sob o céu azul,
Deixar o mundo acabar
E de dois fazermos apenas um.

Não vejo a hora de chegar,
Pintar o meu mundo e o seu.
E num arco-íris navegar
De mãos dadas a princesa e o plebeu!

Deixa o mar o sol encontrar,
Deixe o seu corpo no meu,
O resto é história pra contar
Você é a princesa e eu, o plebeu!

Roubei sua língua devagar
Meu coração ferveu
Não é difícil imaginar
Porque o Flávio, então, se perdeu!

Se existe mesmo algum lugar
Assim tão meu e seu
Vamos juntinhos encontrar;
Minha princesa e eu, seu plebeu!
A IMENSIDÃO DE UM AMOR
(Flávio Leite)

Por amor te nego a dúvida,
Me encontrar em ti é o meu desejo,
Então, deixe o sol amanhecer nos beijos
Que há pouco roubei de sua boca!

Após a noite bebamos café forte,
Leite quente pra enfeitar a mesa,
Mimos e afagos para a sobremesa
E dois corações por uma sorte!

O dia abraça os seus cabelos
E eu me divirto de pijama
Todas as vezes que percebo
O meu coração ser sua cama!

E me entrego ao te ouvir,
Às estrelas cadentes em seus olhos,
Ao conforto meigo desse colo
Que insiste em me fazer dormir!

Amanhã quero repetir de novo
A rotina que, em ti, nunca canso,
Editar em seus lábios novos versos,
E me esbaldar no prazer que me faz manso
A FLOR QUE EU REGUEI COM TODO CUIDADO PRA TE DAR
(Flávio Leite)

Eu sonhei com você e quis falar de amor,
Mas logo cedo eu percebi
Que pra você me entender
Tem que tentar saber quem sou!

Me fiz de colibri pra beijar a sua flor,
Me esforcei, chorei, senti,
Mas logo que o sol surgiu
Eu descobri que nada disso adiantou!

Basta me ler para, então, me conhecer
Sou poesia e sou dor,
Um poeta sonhador
Que se perdeu quando encontrou você.

Por toda minha vida e se assim preciso for
Vou esperar você chegar
Em mãos terei pra ti a flor
Que eu reguei com todo cuidado pra te dar.

Por toda minha vida e se assim preciso for
Vou esperar você chegar
Em mãos terei pra ti a flor
Que eu reguei com todo cuidado pra te dar.
A EXTENSÃO DO PARAÍSO
(Flávio Leite)

Seque minha boca com seu gosto quente
E sinta meu corpo se fazer ousado,
Pois a noite que brilha agora em seus seios
Será o desejo cozido em seu corpo suado.

Que o mel do seu ventre encontre os meus lábios
E meu grito apertado chegue ao seu ouvido,
Na ponta da língua o gozo molhado,
O toque na glande pra aumentar a libido.

A peça de seda ao pé da cama,
As pernas macias em meus ombros corados,
A faca que entra na carne macia
É o sussurro faminto e já enfeitiçado.

Em cima de mim tem o corpo cravado,
A lança voraz que enfia e tira,
O esperma divino sob a luz do telhado,
A dor e o prazer em uma mesma esquina.

O beijo mordido depois do orgasmo,
A cama a extensão do que foi paraíso,
Retira-se o membro deixando o espaço
Que o amor entre os dois deixou preenchido.
A DIMENSÃO DOS SEUS DESEJOS
(Flávio Leite)

Até pensei que fosse forte,
Mas uma flor em seu sorriso
Enfraqueceu as minhas pernas,
Me transformando em um menino.

A cada momento que passa
Aos poucos vamos nos unindo,
A nossa história ainda é um começo
De um poema tão lindo.

À noite, enquanto passam as horas,
Perdido entre travesseiros,
Quase posso sentir seu corpo
E a dimensão dos seus desejos.

Até pensei que fosse fácil
Te encontrar num improviso,
Mas hoje, pra valer à pena,
Terá que ser bem mais que isso.

Terei pra sempre em meus lábios
Os beijos, os versos mais bonitos,
As frases pra invadir seu quarto,
Os toques pra ganhar seu íntimo.

À noite por questão de horas,
A vejo em meu travesseiro,
Quase posso sentir seu corpo
E a dimensão dos seus desejos.
A DANÇA DO DOUTOR QUE É PIOR DO QUE O TARADO!
(Flávio Leite)

Como uma criança de apenas nove anos
Pode parir gêmeos, seriam paridos pelo ânus?
Médico excomungado por alguém que quer se Deus;
Mande este retardado excomungar os filhos seus!

O velho de batina deveria ser estuprado,
Aí ele iria ver como é bom ser arrombado!
Dá nos nervos ver a igreja nos mesmos erros do passado,
Esse Papa deveria também ser excomungado!

Quem peca é o estuprador ou quem foi estuprado?
O arcebispo culpou o doutor, que troço mais esculhambado!
Preservativo é pecado, homossexualismo é pecado,
Só não é pecado o Vaticano de ouro ser pintado!

Depois desses escritos também vou ser excomungado,
Porque criticar a igreja também passou a ser pecado!
Quer saber? To nem aí, porque o meu Deus é sagrado,
Não é o mesmo que esse arcebispo tem, na tevê, pregado!

Cuidado Presidente, pra também não ser excomungado,
Senão você terá que pedir benção para o Diabo!
He, He! Essa é a dança do doutor que é pior do que o tarado!
Olha o salão do catolicismo sendo, aos poucos, esvaziado!
A CURA PARA MIM
(Flávio Leite)

Só porque chorei
Me chamam de poeta passional,
E eu não sei se isso me faz bem
Ou se faz mal.

Tudo o que eu sei
É que na mesma cama em que encontrei
Seu corpo nu tão livre e natural
Também me achei.

Acho que a cura para mim é ganhar o seu coração
Pra então perder o chão,
Pois nem a distância pode mais mudar essa situação
De morrer de paixão!

Se eu sou sentimental
A culpa é da estrela que me fez,
E de toda força sobrenatural
De que me alimentei.

Sou quase um animal
No vício desses lábios outra vez,
Num cio que é quase um vendaval
Que sopra até você.

Acho que a cura para mim é ganhar o seu coração
Pra então perder o chão,
Pois nem a distância pode mais mudar essa situação
De morrer de paixão!
A CAMA ARRUMADA E O SILÊNCIO ACABAM COMIGO
(Flávio Leite)

Sempre sonhei com um amor que fosse infalível como uma flecha,
A seta atravessada em meu peito partido para deixar minh’alma curada.
Desses sonhos me fiz poeta já que ser apenas homem não me valeu de nada.
Ainda não encontrei esse amor, mas ainda não perdi as esperanças.

Por vezes escolhi o pior caminho e me entreguei a quem me recebia com dor,
Acho que é exatamente esse mal que faz de meu coração tão bandido.
Tenho em mim uma máquina de palavras bonitas, mas me falta tinta agora.
O cigarro me distrai, mas a cama arrumada e o silêncio acabam comigo.

Tenho flores nos lábios, mas já não há tanta água corrente em meus rios.
Se Deus pode me ouvir por que será que Ele não assopra em meus ouvidos?
Há perguntas a me corroerem, a enferrujarem grande parte dos meus sorrisos,
Mas nem as estrelas no céu parecem ter as respostas de que tanto preciso.
A BOCA CHUPA, A LÍNGUA INVADE
(Flávio Leite)

A boca entre os lábios encontra os sinos,
A língua passa, toca, provoca calafrio,
As pernas tremem, a sede engole,
A vontade é tanta que, quando geme, explode.

Saliva e líquidos, excreções e salivas,
Língua dentro do que pari a vida
Tremulação e fogo no mesmo cio
A barba que passa provocando o instinto.

Pulsa, abre, fecha, molha...
A língua atinge a faringe do ventre,
Quando volta deixa sussurrando
A outra boca entreaberta desse corpo quente.

Mãos nos cabelos; quer afogá-lo.
Em seu suco traga, engole, fica duro.
A língua passa, toca os sinos, mexe...
Ela quase chora no escuro.

A boca chupa, a língua invade,
As pernas não agüentam e se escancaram
Tira, põe, mexe...
O grito seguido do gozo quando os sinos tocam.
A ARTE DE ESCREVER
(Flávio Leite)

Trazer-te-ei para perto de mim,
Para bem perto, o mais perto possível
Para que você cuide de mim
E desse meu coração que já vai tão apaixonado.

E quando esse dia chegar,
Vou me encantar com cada um dos seus sorrisos,
Com cada beijo seu que eu possa abraçar,
Com cada noite e cada manhã que a tiver comigo.

Neste dia, um só mundo, uma só vida será pouco
Para tudo o que teremos que, juntos, viver,
Pois de você farei minha rima, de mim farei seus versos;
Nós dois seremos a arte de escrever.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

TÃO LOUCO
(Flávio Leite)

Se me perdi quem irá me encontrar
Na escuridão onde acabei de meu corpo deitar?
Em minha solidão perdi a fé que eu tinha
Desde que deixei de encontrar em ti a minha oração.

Você não pode ver, mas eu sinto meu coração sangrar
Em conta-gota, como uma criança em castigo chorar.
O breu de meu quarto é a minha pior situação,
O vazio que em mim dói, dói mais que um parto.

Quem vê meu sorriso não entende o meu choro,
Não entende como posso estar tão perdido.
Só quem sofre entende as lágrimas que vão ao peito
Como um verme voraz e assassino.

Meus amigos travesseiros cansaram de me ouvir,
Em meu silêncio restaram apenas os livros,
Da falta de companhia fiz uma canção
Que agora canto para não esquecer que estou vivo.

A falta de amor dói mais que o câncer
Que, aos poucos, se alastra em meus pulmões.
A falta de você dói tanto que a minha lucidez
Passa a ser mais um motivo para eu ser tão louco.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

COMUNHÃO
(Flávio Leite)

Vou te falar bem baixinho para que você não confunda o som da minha voz:
Aceite essas minhas poesias como um beijo doce no canto do sorriso
E talvez você encontre, bem em frente aos seus olhos carentes, o seu destino.
Lembre-se sempre que o meu coração instável vive procurando o seu ninho

Sem os seus lábios repletos de milagres sou a nascente de um rio sem foz,
Então se deite em meus ombros, por toda essa noite, e me ame sem razão.
Em cada abraço encontraremos estrelas, em cada beijo quente um disco antigo
Onde cada gota de suor derramada em nós seja também a mais bela canção.

Viva, em mim, toda a grandiosidade do que tenho para viver por você
E o infinito, lá onde os deuses mais líricos dormem, estará à sua disposição.
Viva esse amor que a ti guardei, desde o meu nascimento, com todo cuidado
E, enfim saberá o verdadeiro significado, daquilo que chamam de comunhão.
TÃO À FLOR DA PELE
(Flávio Leite)

Sei que, às vezes, sou um tanto passional,
Uns dizem até que sinto mais do que deveria sentir,
Mas isso já existe há trinta e três anos em mim,
Como, de uma hora para outra, poderia me livrar desse mal?

O que eu te disser ou sentir nunca será de forma unilateral,
Pois eu não consigo amar, senão for de forma intensa,
Senão for com simplicidade, de maneira conjugal;
O amor que te ofereço é o jantar que agora te sirvo à mesa.

Posso te ver sem enxergar, te ouvir sem escutar, te sentir sem tocar...
Os poetas são os únicos que vivem assim: tão à flor da pele.
Agora me responda: - O que tem sentido por mim?
Enquanto o coração de alguns bate, o meu ferve.

Eu gritaria para que todos me ouvissem, se fosse possível.
Gritaria que eu faço parte do amor e o amor é a alma minha.
Como não sou capaz de elevar tanto a minha voz,
Deixo o recado em seu ouvido em forma de poesia.
ANJOS ALEIJADOS
(Flávio Leite)

Foi olhando para o que chamam de azul do céu
Que eu descobri que não existe um dia igual ao outro.
Beijando os seus lábios, provando o seu gosto
Descobri, definitivamente, que não há mulher igual.

Quando você fugiu dos meus sonhos
Disse-me que não suportaria uma mulher assim ao meu lado.
Foi uma pena você não ter me dado tempo de explicar
Que o seu temperamento eu engoliria antes mesmo de ter mastigado.

Nossas riquezas e pobrezas teríamos compartilhado,
Se o seu mundo hoje distante não fosse tão longe;
Nossas forças e fraquezas teríamos compartilhado,
Se o seu coração que vai longe não estivesse tão distante.

Estive me procurando por entre as estrelas ontem à noite,
Mas acabei encontrando apenas seus os olhos lacrimejantes.
O seu medo de se arriscar não aleijou apenas um anjo,
Deixou aqui na Terra dois solitários que poderiam ser amantes.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

LÍDIA
(Flávio Leite)

Quem pensa que ela é completamente inocente
Não imagina que ela se masturba em frente à tevê.
Perdida entre as estrelas e as boêmias da vida,
Lídia nunca foi santa e nem nunca conseguiu ser.

Ela se entrega ao primeiro quando se sente sozinha,
E olha que ela está sempre assim: na solidão!
Usa roupas extravagantes, fuma qualquer cigarro,
Toma cerveja, e o que mais vier, em copo de requeijão!

Lídia não é jovem, mas também não é velha.
É apenas mais uma mulher de muitas esquinas,
De hábitos velhos, livros empoeirados, vinis antigos...
Lídia não passa de um cravo tentando ser margarida!

Ela gosta de conversa fiada quando encontra os amigos,
Adora luzes, bares lotados, festa regada à bebida!
Mamãe reclama: - Se cuide mais, filha!
Mas se Lídia se comportasse, ela não seria Lídia!

Ela não é boa moça e nem má,
Ela somente procura em, si mesma, uma saída.
Quem a conhece até acredita,
Mas há mesmo saída para o coração tão profundo de Lídia?
GOLES DE INTROSPECÇÃO
(Flávio Leite)

Uma palavra mal parida e suas vírgulas serão mal interpretadas.
O circo pegou fogo, o palco está vazio, não há platéia.
No aquário outrora repleto de peixes hoje não há mais nada!
Da praia olhei para o mar, mas lá não havia nem golfinhos nem baleias.

O coração que desenho na areia parece mais forte que o meu,
As ondas se arrebentam nas rochas assim como as lágrimas em meu rosto.
O céu está cinza, faz frio, a noite vem chegando,
Resolvo voltar para casa e namorar com alguns livros.

Há cartas de amor amarrotadas na gaveta do criado-mudo,
E uma catástrofe de lembranças nos porta-retratos.
Não há nenhuma alma para conversar. Para onde foi todo mundo?
Faço café, mas prefiro cerveja. Acendo um cigarro que se vai num trago.

As chinelas dormem de cabeça para baixo. Alguém morre?
Se a morte bater na porta de casa a convido
Para um bate-papo de segunda, se hoje não for domingo!
Olho para o ponteiro grande do relógio e ele corre, corre, corre...