sábado, 7 de março de 2009

ABSTRATO
(Flávio Leite)

As luzes da cidade
Não têm mais colorido
São versos de ressaca
Um tanto umedecidos.

Nas ruas onde vago,
Meu cérebro esquecido,
Pensou que fosse morte
Viver sem ter vivido.

Meu corpo sente a falta,
Da água que bebia.
Minh’alma paga o preço
Do sangue que escorria.

À tarde o sol se põe
Em busca de outro dia,
Enquanto homens fracos
Se afogam em poesia.

Pensei que fosse certo
Viver com alegria,
Mas hoje o meu sorriso
Dilui-se em saliva.

Na lua outro gesto
De mera covardia
Reflete uma tristeza
Que agora é só minha.

Sou ser do abstrato
Alguém sem companhia;
Sou flor, sou céu, sou nuvem
Alguém sem valentia.

Mas antes que se acabe
O que não teve início
Escrevo pelos ares
Em vão o meu sacrifício.

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