sábado, 7 de março de 2009

AMOR EM POESIA

Não preciso de olhos para te enxergar,
Nem preciso de pele para te sentir,
Não preciso de pernas para te encontrar,
Nem tampouco de máscaras para, então, fingir.

Não preciso de verdades se quiser mentir,
Não preciso de língua pra te degustar,
Não preciso de sonhos se quiser fugir,
Nem de dois corações para te amar.

Não preciso de dedos para te tocar,
Nem tampouco de escadas se quiser subir.
Não preciso de lágrimas se quiser chorar,
Muito menos de risos se quiser sorrir.

Não preciso ter medo para, enfim, temer,
Nem tão pouco de bílis para amargar.
Não preciso de amarras para escravo ser,
Nem preciso de notas se quiser cantar.

Não preciso ser lua pra te iluminar,
Nem preciso ser fogo para te aquecer.
Não preciso de espelhos para refletir
A beleza que noto vinda de você.

Não é preciso perdão para te perdoar,
Mas é preciso coragem para reconhecer
Que não preciso ser mágoa pra te magoar,
Nem preciso ser dor pra te fazer sofrer.

Não preciso do tempo pra envelhecer,
Não preciso de hormônios pra poder crescer,
Não preciso de braços para te abraçar,
Nem tampouco de lábios pra beijar você.

Não preciso do sol para clorofilar,
Não preciso ser triste pra me entristecer,
Não preciso bater pra ter que apanhar,
Nem preciso ter sede pra depois beber.

Não preciso de asas pra poder voar,
Não preciso ter fome pra poder comer,
Não preciso de vinho pra me embriagar,
Nem preciso vencer para no fim perder.

Não preciso brotar pra ter que florescer,
Nem tampouco de sexo só pra distrair.
Não preciso lembrar pra não ter que esquecer
Que eternizei seu jeito doce em mim.


Não preciso ser náufrago para naufragar,
Nem preciso de espinhos para flor eu ser.
Não preciso de estrelas para navegar,
Nem de cama pronta pra te enlouquecer.

Não preciso do mar para me afogar,
Nem de uma tragédia para o chão perder,
Basta a sua falta pra me desesperar;
Sou peixe fora d’água longe de você.

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