terça-feira, 10 de março de 2009

O MESMO QUE ADMIRAR UM CÉU SEM PASSAROS

O MESMO QUE ADMIRAR UM CÉU SEM PASSAROS
(Flávio Leite)

Como é possível amar sem se entregar?
Será possível te querer sem desejar?
Já perdi noites e noites por você
Contando e recolhendo estrelas no mar.

Como pudera falar tanto sem nada dizer
Esses seus olhos tão perfeitos quanto à água,
Capazes de lavar as tristezas de minha alma
E deixando sossegado esse meu coração?

Cai do meu rosto o que, aos poucos,
Transforma o que, outrora, foi frieza
Em um universo de emoções
Que só quem amou como louco pôde viver.

Como seria meu mundo sem seus lábios,
Se em ti me resta o que um dia foi razão?
Seria o mesmo que dormir em uma cama sem colchão,
O mesmo que admirar um céu sem pássaros.

Sem ti sou planta que vive sem terra,
Sou flor se alimentando de poeira,
Poeta morrendo afogado em seus versos,
Homem entregue à sua própria aflição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário